sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Brancas Asas


Nunca gostei de criar pássaros. Aprisiona-los, para quê, se possuem asas para voar? Somente para ouvir seu canto? Para admira-lo de perto? Odeio criar pássaros. E odeio mais ainda, porque ontem te vi como um. Você abriu mão da sua liberdade, abriu mão de com suas própias asas voar, somente para estar ao meu lado. Para se prender a mim com uma fita branca. E eu te prendi... Com uma fita branca e um coração egoísta. Um coração que agora se arrepende. Não quero que você abra mão de seu mundo, para entrar no meu. Não quero que continue abrindo mão de tudo, como um passáro abre mão das asas, por numa gaiola não haver espaço suficiente para levantar vôo. Vou então esperar que chegue um dia chuvoso, nublado e frio, um dia igual ao que nos conhecemos, ao que você aterrissou em minha vida. Quando este dia chegar, tirarei a fita branca de você. E aí, meu coração irá deixar oficialmente de ser egoísta, lhe dando a chance de escolher entre ficar e ir embora.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Guardado Entre Feridas

Hoje eu rezei antes de deitar. Coloquei com cuidado meus joelhos arranhados em um travesseiro fofo no chão, e fechei meus olhos, com as mãos juntas perto do coração. Primeiramente agradeci. Por ter dado um sorriso hoje, por ter feito alguns sorrirem. Por ter tido momentos bons ao lado de quem amava, por me permitir mais um dia. E então... Então chorei. Não consegui mais esconder as lágrimas idiotas que inssistiam em fugir de dentro de mim. Soluçando, uni novamente minhas mãos e voltei a rezar. Pedi à Deus que desse saúde, proteção, força, a minha família e a mim. E então me deitei. Não demorei para dormir, tamanho cansaço. Mas, antes de adormecer, meu último pensamento coerente foi sobre não ter dito à Deus, tudo que eu queria. Não ter dito o quanto acordar era difícil, por saber que meu coração doeria novamente, não ter dito o quanto estar cercada por pessoas felizes era estranho, pois eu conseguiria sorrir, mas meu sorriso não possuíria valor algum -apenas mais um sorriso forçado, dentre tantos-. Não ter dito que tenho vontade de gritar, de chorar, de desabafar, ainda assim, continuo guardando tudo para mim mesma. Não ter dito, principalmente, o quanto é difícil esconder isto dele. Mas... Talvez ele saiba.
Este texto é importante para mim, justamente por tocar no fato de que por tanto tempo eu não orei à Deus para que ele ajudasse a melhorar minha vida. Hoje, aprendi que o único que não preciso esconder absolutamente nada, é ele.

Tolo Anjo


Olhava todas as garotas mais velhas e mais bonitas pularem da gigante ponte e criarem asas, voarem rumo ao sol. Olhava-as com -admito, com pesar- inveja nos olhos. Suas grandes asas eram esbeltas, enquanto as minhas pequeninas asas -tão pequenas quanto eu- eram completamente ridículas, com seus pelos em fase de crescimento. Os delas? Ah, os delas eram lisos, extremamente brancos, brilhavam. As via pousar em perfeição, tanto quanto levantavam vôo. Enquanto eu tentava, tentava, mas somente caía, nunca alcançando a plenitude do céu. Mamãe dizia "Meu bem, a hora certa chegará..." Eu não queria 'a hora certa' esperar. Era minha vez de mostrar que eu era capaz de voar também, tão melhor quanto elas. A minha chance perfeita.
Me arrependi de não ter ouvido a mamãe. Pulei da ponte mais alta, do topo mais alto, da montanha mais alta. Era uma madrugada quente, tal como estava meu coração, minha pele. Estavam todos agitados lá em baixo, podia sentir as vibrações. Mas, nenhum deles sabia que eu tão logo pularia. Minha pequena alma cheia de esperanças inflou, completamente ansiosa pela liberdade. Tão perto... Tão longe. Pulei. Caí. Quebrei minhas asas -que ainda nem ao menos eram asas- e nunca mais tive a chance de voar... Ou tentar.