quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Tolo Anjo


Olhava todas as garotas mais velhas e mais bonitas pularem da gigante ponte e criarem asas, voarem rumo ao sol. Olhava-as com -admito, com pesar- inveja nos olhos. Suas grandes asas eram esbeltas, enquanto as minhas pequeninas asas -tão pequenas quanto eu- eram completamente ridículas, com seus pelos em fase de crescimento. Os delas? Ah, os delas eram lisos, extremamente brancos, brilhavam. As via pousar em perfeição, tanto quanto levantavam vôo. Enquanto eu tentava, tentava, mas somente caía, nunca alcançando a plenitude do céu. Mamãe dizia "Meu bem, a hora certa chegará..." Eu não queria 'a hora certa' esperar. Era minha vez de mostrar que eu era capaz de voar também, tão melhor quanto elas. A minha chance perfeita.
Me arrependi de não ter ouvido a mamãe. Pulei da ponte mais alta, do topo mais alto, da montanha mais alta. Era uma madrugada quente, tal como estava meu coração, minha pele. Estavam todos agitados lá em baixo, podia sentir as vibrações. Mas, nenhum deles sabia que eu tão logo pularia. Minha pequena alma cheia de esperanças inflou, completamente ansiosa pela liberdade. Tão perto... Tão longe. Pulei. Caí. Quebrei minhas asas -que ainda nem ao menos eram asas- e nunca mais tive a chance de voar... Ou tentar.

Um comentário:

  1. Na vida, há o momento certo para tudo, mesmo que seja difícil na hora da raiva ou da confusão de sentimentos que nos cerca acreditar nisso. Gostei da emoção que tu colocou no texto. *-*

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